sexta-feira, 26 de março de 2010

Sobre Intersexo e Direitos Humanos

O problema da questões que envolvem as discussões sobre intersexo e a sua investigação foi identificado a partir da experiência das estudantes pesquisadoras em programa de iniciação científica junto ao Grupo de Pesquisa "Direitos Humanos, Direito à Saúde e Família" UCSAL/CNPQ. Foi no espaço desta experiência acadêmica que o tema da intersexualidade humana foi compreendido como um tema de alta complexidade, com implicações éticas, médicas, sociais e culturais.
O "estado intersexual", também conhecido pelas denominações de Anomalia do Desenvolvimento Sexual (ADS) ou Distúrbios da Determinação e Diferenciação Sexual (DDDS), pode ser entendido, objetivamente, como quando um ou mais dos sexos do indivíduo não concorda com o outro ou outros (o sexo genético não concorda com o sexo gonadal ou fenotípico) (GUERRA JÚNIOR, 2002).
A ADS é classificada, atualmente, em 4 grandes grupos: Pseudo-hermafroditismo feminino (o indivíduo possui ovário, o sexo cromossômico é 46 XX, a genitália interna é feminina, mas a genitália externa é "ambígua"), Pseudo-hermafroditismo masculino (a pessoa possui testículos, cariótipo 46 XY, mas a genitália externa é "feminina" ou ambígua), Disgenesia gonadal mista (o indivíduo nasce com gônadas disgenéticas) e Hermafroditismo verdadeiro (pessoas que possuem tecido ovariano e testículos na mesma gônada ou separadamente) (MACHADO, 2005ª; MELLO; ASSUMPÇÃO; HACKEL, 2005).
O tratamento médico é complexo e prolonga-se durante toda a existência do paciente, necessitando da feitura de exames, de medicamentos e, quando necessário, de cirurgias corretivas. A situação de intersexo perpassa pelas questões médicas, mas não se atém apenas a este plano, existindo outras implicações na vida do indivíduo de igual ou maior complexidade, tais como: 1) questões de auto-aceitação e conhecimento da patologia; 2) apoio e compreensão da família; 3) perspectiva de gênero; 4) possibilidades reprodutivas e heterossexuais; 5) preconceito e discriminação sociais. Assim, o presente trabalho visa retomar cada um destes pontos na perspectiva do ser jovem.
Autoras: Ingrid Gil Sales, Roberta Tourinho Dantas e Vania Reis.

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